quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Identidade


Está cada vez mais difícil imprimir identidade própria àquilo que nos diz respeito. Por vezes, fico buscando respirar na superfície, pois para todos os lados que olho e caminho tudo é exatamente igual. É como se a submersão fosse um estado obrigatório e permanente.

Até a maneira em que muitas vezes utilizamos para descrever algo ou alguém, precisa estar diretamente vinculada a uma imagem popular, a uma marca ou fato que TODOS conheçam. Isso me entristece.

A impressão que dá, é que ninguém tem o direito de ter sua marca própria e que isso é errado, pois está fora do contexto.

Infelizmente as pessoas estão deixando de ter suas vozes e vontades atendidas porque preferiram aderir ao que é comum. Faça a experiência de olhar vitrines. Dentro de um shopping, ao olhar uma loja, esteja certo de que já viu todas. Até a disposição das roupas e acessórios nos manequins são idênticas.

Quem foi que disse que eu tenho de gostar daquilo que está ali? Não é rebeldia, simplesmente não sou igual à maioria. E aí, das duas uma: ou você cede para não parecer chato e intransigente ou mantém sua identidade e é comparado a um ET.

O pior é que quando não estamos de acordo com a massa, ficamos sofrendo esse tipo de apontamento e o que mais pode ser pior do que ser comparado? A comparação só reafirma a teoria da perda do direito de ter e expressar sua identidade.

Experimente falar de alguém que você conheça e descrevê-lo a um amigo ou parente. Experimente falar de um sabor ou cor que você conheceu em alguma situação. A pergunta que vem em seguida é: parecido com que ou parece com quem?

Como assim? Por que é que qualquer coisa que exista tem de ser parecido com outra? Por quê? Se já que somos únicos não fazemos disso um motivo de crescimento ao invés de ficarmos o tempo todo tentando parecer com outra pessoa, colocando em cheque nossa identidade?

Lamento informar que vou continuar não gostando e não usando a moda (se é que se pode chamar assim) que pensam me impor. Lamento informar que não vou passar o resto da minha vida consumindo música ruim, comida ruim, feitos tão depressa e automaticamente que parecem crus.

Aos que não concordam não há motivo para desculpar-me. Afinal você tem o direito de ser parecido com quem quiser.

Eu, como sou eu pura e simplesmente, e por estar absolutamente consciente de minhas responsabilidades, assumo definitivamente a minha condição de ET. E se as coisas continuarem caminhando nessa direção...

Não demora e eu terei de mudar de planeta.


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